segunda-feira, 4 de maio de 2009

Por que as empresas fecham?

Marcos Hashimoto*

As pequenas e médias empresas têm inúmeras dificuldades para se estabelecer nos seus primeiros anos de vida. Sofrem por não conhecer direito o setor, por não saber lidar com clientes ou por não dominar aspectos financeiros básicos para gerir seu caixa. Um grupo de pesquisadores do Ibmec São Paulo e do Sebrae São Paulo estudou quase 2 mil empresas abertas e registradas na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) entre os anos de 1999 e 2003, em busca de evidências dos principais motivos que justificam a alta mortalidade das empresas nascentes - e as características comuns das empresas que sobrevivem a este período mais crítico. A seguir, as principais conclusões do estudo.

>>> Um dos fatores que levam à sobrevivência da empresa é o seu tamanho. Quanto maior o tamanho da empresa, menor a probabilidade de fechamento. As empresas maiores estruturam melhor práticas gerenciais. Elas também gozam de maior facilidade para obtenção de linhas de crédito e têm mais flexibilidade para suportar incertezas do ambiente externo.

>>> Empresas que se relacionam com governos têm menor probabilidade de fechar. Uma possível explicação para esse resultado é que, para satisfazer uma série de requisitos legais associados a licitações públicas, a empresa precisa ter uma maior capacidade de organização - o que se reflete na sua habilidade de sobreviver. Além disso, ao ganhar uma licitação, a empresa passa a contar com um fluxo certo de vendas durante o período de contrato. Reduz-se assim a incerteza e a volatilidade das vendas.

>>> O estudo não demonstrou diferenças significativas no fato de o empreendedor ser movido pela necessidade ou pela oportunidade. O setor a que pertence o negócio (indústria, comércio, serviços) e a idade do empreendedor também não apresentaram efeitos significativos na probabilidade de fechamento.

>>> A existência de grandes empresas concorrentes no mercado do empreendedor aparentemente reduz, em vez de aumentar, o risco de fechamento. É possível que as pequenas empresas que tenham grandes concorrentes sejam obrigadas a adotar práticas de gestão mais eficazes ou que elas aproveitem brechas no mercado que não são atendidas ou são ignoradas por companhias maiores. Essa explicação ficou demonstrada com a constatação de um relacionamento positivo entre concorrentes. Eles trocam informações entre si e recebem indicações feitas pelas grandes empresas.

>>> A probabilidade de um empreendedor que possui pelo menos o segundo grau encerrar as atividades é significativamente menor do que aquele que possui até o primeiro grau de escolaridade. No entanto, parece não haver grande diferença na chance de fechamento do negócio de um empreendedor que possui o nível superior ou apenas o segundo grau. Apesar de parecer uma contradição ao senso comum, isso é justificado pelo fato de que o estudo contemplou o escopo de sobrevivência de pequenas empresas e não, necessariamente, o seu sucesso. É possível imaginar que, para ser bem-sucedida, a empresa precise crescer, e, para isso, uma formação superior seja necessária.

>>> A probabilidade de fechamento de uma empresa cujo proprietário gastou até cinco meses planejando o negócio é maior do que daquele que gastou um ano ou mais nesse planejamento. Esse resultado indica que, mesmo que o empreendedor não tenha experiência no ramo, ele pode compensá-la capacitando-se antes de abrir o negócio, buscando informações e novos conhecimentos que podem ser úteis na antecipação de problemas e na inclusão no mercado. Outra constatação interessante, por contradizer o senso comum, é que mais anos de planejamento não aumentam as chances de sobrevivência do negócio. Podemos justificar isso com a revelação de que planejamento é necessário, mas planejamento demais pode 'engessar' o negócio e deixá-lo refratário às mudanças ambientais necessárias que se apresentem.

>>> O fato de alguém na família possuir uma atividade relacionada com o negócio do empreendedor ajuda a diminuir a chance de fechamento da empresa. Isso demonstra a importância de relações sociais no âmbito da família como constituintes do capital social do empreendedor. Por meio dessas relações, o empreendedor pode acessar informações ou se beneficiar da experiência prévia de familiares.

>>> Por outro lado, o estudo verificou que o uso de contatos pessoais não faz diferença na probabilidade de sobrevivência das empresas pesquisadas. Aparentemente, o capital social do empreendedor é mais útil no momento em que ele constrói sua ideia de negócio e se mostra importante na hora de implementá-lo. Uma vez estabelecido, porém, o negócio recebe influência cada vez menor desta rede social do empreendedor.

>>> Do conjunto de práticas gerenciais adotadas pelos empreendedores, o aproveitamento de oportunidades, a antecipação de acontecimentos, a preparação para enfrentar os problemas antes que eles aconteçam, a busca intensa por informações que auxiliem na tomada de decisões e o cumprimento persistente dos objetivos demonstraram ser significativamente relevantes nas chances de sobrevivência, sobretudo a capacidade de se adequar ao mercado rapidamente.
Com isso, concluímos que não existe um fator que, sozinho, explique por que as empresas fecham com poucos anos de vida. Também é importante notar que esse estudo se refere a aspectos relacionados com sobrevivência e mortalidade de empresas nascentes e não ao crescimento e sucesso dos negócios. O fato de uma empresa apresentar as características que demonstraram ser importantes para sua sobrevivência não garante que ela seja bem-sucedida no futuro, muito embora, nos dias atuais, sobreviver já seja sinônimo de sucesso para algumas empresas.

Artigo baseado no estudo "O Impacto de Capital Humano, Capital Social e Práticas Gerenciais na Sobrevivência de Empresas Nascentes: um Estudo com Dados de Pequenas Empresas no Estado de São Paulo" - Autores: Fábio Matuoka Matsumoto, Sérgio Giovanetti Lazzarini, Marcos Hashimoto, Rinaldo Artes (1), Marco Aurélio Bedê (2) - Publicação: Anais do 32º Enanpad (Encontro da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Administração), Rio de Janeiro, set/08
(1) Ibmec São Paulo; (2) Sebrae-SP

retirado do site: Pequenas empresas & Grandes negócios

sexta-feira, 17 de abril de 2009

As Cinco Forças de Porter


“Posicione a sua indústria onde as forças são mais fracas” (Michael Porter)

Porter apresenta uma metodologia analítica para que se compreendam as indústrias e a concorrência para a formulação de uma estratégia competitiva global (não só responde ao meio ambiente, mas também tenta modelar este meio ambiente em favor de uma empresa). Ele descreve as cinco forças competitivas como determinam a rentabilidade e a atratividade de uma indústria.

As cinco forças são: A entrada de novos concorrentes, a ameaça de substitutos, o poder de negociação dos compradores, o poder de negociação dos fornecedores e a rivalidade entre os concorrentes existentes.

Novos entrantes -> Empresas que entram no mercado querendo uma fatia de determinado setor. Caso haja barreiras de entradas que possam dificultar a sua inserção, fica mais difícil a sua fixação no mercado. Exemplo de barreiras: Diferenciação do produto, identidade da marca.

Fornecedores-> O poder de negociação dos fornecedores determina os custos dos insumos de matéria-prima. Eles são uma fonte de poder. Fornecedores podem recusar-se a trabalhar com a empresa, ou, por exemplo, cobrar preços excessivamente elevados para recursos únicos.

Substitutos -> A existência de produtos (bens e serviços) substitutos no mercado, que analisados, desempenham funções equivalentes ou parecidas é uma condição básica de barganha que pode afetar as empresas

Compradores-> Os clientes exigem mais qualidade por um menor preço de bens e serviços. Também competindo com a indústria, forçando os preços para baixo. Assim jogando os concorrentes uns contra os outros.

Rivalidade entre concorrentes -> Para a maioria das indústrias, esse é o principal determinante da competitividade do mercado. Às vezes rivais competem agressivamente, não só em relação ao preço do produto, como também a inovação, marketing, etc.

As cinco forças competitivas segundo Porter irão determinar a rentabilidade da indústria porque irão influenciar os preços, os custos e o investimento necessário das empresas em uma indústria.
O vigor das cinco forças varia de indústria para indústria podendo modificar-se ao longo tempo. O resultado é que todas as indústrias não são semelhantes, sendo assim, em indústrias onde as cinco forças são favoráveis, muitos concorrentes obtém retornos. Mas em empresas onde a pressão de uma ou mais das cinco forças é intensa (linhas aéreas, têxteis), poucas empresas comandam retornos atrativos.

Em qualquer indústria particular nem todas essas cindo forças terão igual importância.
A metodologia das cinco forças permite quem uma empresa perceba a complexidade e aponte os fatores críticos para concorrência em sua indústria bem como permite que ela identifique as inovações estratégicas que melhorariam a rentabilidade da indústria e a sua própria.

Bibliografia: Vantagm competitiva (Michael Porter)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Integrais

Propriedades da Integral Indefinida

\int cf(x)\,dx = c\int f(x)\,dx
\int [f(x) + g(x)]\,dx = \int f(x)\,dx + \int g(x)\,dx
\int f(x)g(x)\,dx = f(x)\int g(x)\,dx - \int \left(d[f(x)]\int g(x)\,dx\right)dx ou, de outra forma,
\int f'(x)g(x)\,dx = f(x)g(x) - \int f(x)g'(x)\,dx

Integrais Indefinidas de Funções Simples

Funções Racionais

\int x^n\,dx =  \frac{x^{n+1}}{n+1} + C\qquad\mbox{ para }n \ne -1
\int \frac{1}{x}\,dx = \ln{\left|x\right|} + C
\int \frac{1}{a^2+x^2} \, dx = \frac{1} {a} arctan({x}/{a}) + C

Logaritmos

\int \log_b {x}\,dx = x\log_b {x} - x\log_b {e} + C
Caso particular: b = e, \int \ln {x}\,dx = x \ln {x} - x + C

Funções Exponenciais

\int a^x\,dx = \frac{a^x}{\ln{a}} + C
Caso particular: a = e, \int e^x\,dx = e^x + C

Funções Irracionais


\int {1 \over \sqrt{a^2-x^2}} \, dx = \arcsin {\frac{x}{a}} + C
Caso particular: a = 1, \int {1 \over \sqrt{1-x^2}}\, dx = \arcsin {x} + C
\int {-1 \over \sqrt{a^2-x^2}} \, dx = \arccos {\frac{x}{a}} + C = (-1)arcsin {\frac{x}{a}} + C
Caso particular: a = 1, \int {-1 \over \sqrt{1-x^2}} \, dx = \arccos {x} + C

Funções Trigonométricas


\int \cos{x} \, dx = \sin{x} + C
\int \sin{x} \, dx = -\cos{x} + C
\int \tan{x} \, dx = -\ln{\left| \cos {x} \right|} + C
\int \csc{x} \, dx = \ln{\left| \csc{x} - \cot{x}\right|} + C
\int \sec{x} \, dx = \ln{\left| \sec{x} + \tan{x}\right|} + C
\int \cot{x} \, dx = \ln{\left| \sin{x} \right|} + C
\int \sec{x} \tan{x} \, dx = \sec {x} + C
\int \csc{x} \cot{x} \, dx = -\csc {x} + C
\int \sec^2 x \, dx = \tan x + C
\int \csc^2 x \, dx = -\cot x + C
\int \sin^2 x \, dx = \frac{1}{2}(x - \sin x \cos x) + C
\int \cos^2 x \, dx = \frac{1}{2}(x + \sin x \cos x) + C

Funções Hiperbólicas


\int \sinh x \, dx = -\cosh x + C
\int \cosh x \, dx = \sinh x + C
\int \tanh x \, dx = \ln (\cosh x) + C
\int \mbox{csch}\,x \, dx = \ln\left| \tanh {x \over2}\right| + C
\int \mbox{sech}\,x \, dx = \arctan(\sinh x) + C
\int \coth x \, dx = \ln|\sinh x| + C

Integrais Impróprias

Existem funções cujas antiderivadas não podem ser expressas de forma fechada. No entanto, os valores das integrais definidas dessas funções em intervalos comuns podem ser calculados. Algumas integrais definidas de uso frequente estão relacionadas abaixo.

\int_0^\infty{\sqrt{x}\,e^{-x}\,dx} = \frac{1}{2}\sqrt \pi
\int_0^\infty{e^{-x^2}\,dx} = \frac{1}{2}\sqrt \pi
\int_0^\infty{\frac{x}{e^x-1}\,dx} = \frac{\pi^2}{6}
\int_0^\infty{\frac{x^3}{e^x-1}\,dx} = \frac{\pi^4}{15}
\int_0^\infty\frac{\sin(x)}{x}\,dx=\frac{\pi}{2}
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A1bua_de_integrais

segunda-feira, 30 de março de 2009

O homem que foi colocado numa gaiola

Certa noite, o soberano de um país distante estava de pé à janela, ouvindo vagamente a música que vinha as sala de recepção, do outro lado do palácio.Estava cansado da recepção diplomática a que acabara de comparecer e olhava pela janela, cogitando sobre o mundo em geral e nada em particular.Seu olhar posou num homem que se encontrava na praça, lá embaixo—aparentemente um elemento da classe média, encaminhando-se para a esquina, a fim de tomar um bonde para casa, percurso que fazia cinco noites por semana, há muitos anos. O rei acompanhou o homem em imaginação—fantasiou-o chegando em casa, beijando distraidamente a mulher, fazendo sua refeição, indagando se tudo estava bem com as crianças, lendo o jornal, indo para a cama, talvez se entregando ao ato do amor com a mulher, ou talvez não, dormindo, e levantando-se para sair novamente para o trabalho no dia seguinte.

E uma súbita curiosidade assaltou o rei, que por um momento esqueceu o cansaço .”Que aconteceria se conservassem uma pessoa numa gaiola, como os animais do zoológico?”
No dia seguinte, o rei chamou um psicólogo, falou-lhe de sua idéia e convidou-o a observar a experiência. Em seguida, mandou trazer uma gaiola do zoológico e o homem de classe média foi nela colocado.

A princípio ficou apenas confuso, repetindo para psicólogo que o observava ao lado de fora: “Preciso pegar o trem, preciso ir para o trabalho, veja que horas são, chegarei atrasado!”
À tarde começou a perceber o que estava acontecendo e protestou, veemente: “O rei não pode fazer isso comigo! É injusto, é contra a lei!” Falava com voz forte e olhos faiscantes de raiva.
Durante a semana continuou a reclamar com veemência. Quando o rei passava pela gaiola, o que acontecia diariamente, protestava direto ao monarca. Mas este respondia:”Você está bem alimentado, tem uma boa cama, não precisa trabalhar.Estamos cuidando de você. Por que reclama?” Após alguns dias, as objeções do homem começaram a diminuir e acabaram por cessar totalmente.Ficava sorumbático na gaiola, recusando-se em geral a falar, mas o psicólogo via que seus olhos brilhavam de ódio.

Após várias semanas, o psicólogo notou que havia uma pausa cada vez mais prolongada depois que o rei lhe lembrava diariamente que estavam cuidando bem dele—durante um segundo o ódio era afastado, para depois voltar—como se o homem perguntasse a si mesmo se seria verdade o que o rei havia dito.

Mais algumas semanas passaram-se e o prisioneiro começou a discutir com o psicólogo se seria útil dar a alguém alimento e abrigo, a afirmar que o homem tinha que viver seu destino de qualquer maneira e que era sensato aceita-lo.Assim um grupo de professores e alunos veio um dia observá-lo na gaiola, tratou-os cordialmente, explicando que escolhera aquela maneira de viver; que havia grandes vantagens em estar protegido; que eles veriam com certeza o quanto era sensata a sua maneira de agir, etc.Que coisa estranha e patética, pensou o psicólogo. Por que insiste tanto em que aprovem sua maneira de viver?

Nos dias seguintes, quando o rei passava pelo pátio, o homem inclinava-se por detrás das barras da gaiola, agradecendo-lhe o alimento e o abrigo. Mas quando o monarca não estava presente o homem não percebia estar sendo observado pelo psicólogo, sua expressão era inteiramente diversa-impertinente e mal-humorada. Quando lhe entregavam o alimento pelas grades, às vezes deixava cair os pratos, ou derramava a água, e depois ficava embaraçado por ter sido desajeitado. Sua conversação passou a ter um único sentido: em vez de complicadas teorias filosóficas sobre as vantagens de ser bem tratado, limitava-se a frases simples como: ”É o destino”, que repetia infinitamente. Ou então murmurava apenas: “É”.

Difícil dizer quando se estabeleceu a última fase, mas o psicólogo percebeu um dia que o rosto do homem não tinha expressão alguma: o sorriso deixara de ser subserviente, tornara-se vazio, sem sentido, como a careta de um bebê aflito com gases. O homem comia, trocava algumas frases com o psicólogo, de vez em quando.Tinha o olhar vago e distante e, embora fitasse o psicólogo, parecia não vê-lo de verdade.

Em suas raras conversas deixou de usar a palavra “eu”. Aceitara a gaiola. Não sentia ira, zanga, não racionalizava. Estava louco.

Naquela noite, o psicólogo instalou-se em seu gabinete, procurando escrever o relatório final, mas achando dificuldade em encontrar os termos corretos, pois sentia um grande vazio interior. Procurava tranqüilizar-se com as palavras: ”Dizem que nada se perde, que a matéria simplesmente se transforma em energia e é assim recuperada”. Contudo, não podia afastar a idéia de que algo se perdera, algo fora roubado ao universo naquela experiência. E o que restava era o vazio.

Rollo May. O Homem à procura de si mesmo.
9.ed. Petrópolis, Vozes, 1982.p.121-3 (Coleção Psicanálise v.II).